30 anos

Passado o recado ao meu eu de 30 anos

quero dizer ainda

que esperava mais de mim

e que by having no fear 

eu perdi muito mais do que ganhei. 


Pode ser que no futuro

tudo isto faça algum sentido

mas agora o que eu sinto

não é nem de perto 

aquilo que consideramos agradável. 


Ainda não sei dizer qual o nome 

do meu maior medo

porque tenho enfrentado 

tudo e todos

com uma intensidade incalculável.


Finalmente acho que cresci.



RESPIRAR

 Aprender a sentir moderadamente tudo que o mundo nos propõe é tarefa muito difícil, melhor deixar para estudiosos que desvendam datas do calendário Maia e viver sem digerir bem as coisas. Compreender o momento de se retirar também é sabedoria, afinal, jamais saberemos se uma palavra mal dita será interpretada com carinho ou com azar. Eu não tenho muitas pretensões.

Desde que abandonei parte da carreira, vivo contemplando a natureza e escrevendo poesia por onde passo. Confesso que nem sempre lido da melhor forma com os problemas da vida, mas tem um gato ao meu lado que me ensina a ignorar as dores e sair por cima de qualquer situação. Dostoiévski me fez mais forte, acho que ele sabe disso e se vangloria. É claro que ainda tenho medo. Vivendo no Brasil de 2023, que mal começou a respirar esperança, quem não teria? Medo não é tudo. 

Agora quero reaprender e recomeçar de modo mais bonito. Da forma correta. Como deveria ter sido desde o início, sem as castrações malucas que a vida freudiana me impôs e eu aceitei porque achei que me cabia. Quero respirar com a delicadeza que uma flor que está finalmente dando os seus primeiros frutos, pois é exatamente assim que me sinto, como se pela primeira vez na vida eu estivesse enfim florescendo.