verdadeiro amor

eu preciso

aprender a amar o meu corpo

e o meu rosto

e todas as partes de mim

que me fazem ser ainda

tão desonesto com o mundo

(questão geral que se sobrepõe a todas as outras) 


amar

é um verbo ainda tão dolorido

verdadeiramente obscuro

distante de mim como ouro bruto

joia rara que em nada se parece ao fim

enfim chego ao fim do dilema

(amar o próximo nunca foi problema,

amar a mim... que pena!)

posse

nem parece que um dia você me olhou

quando eu era mais jovem

e a vida era mais fácil

e tudo tinha sabor adocicado


é tão difícil distinguir as coisas agora

que não perco tempo esperando uma salvação

e sigo à risca as recomendações médicas

porque você diz que iria me ver

e eu sei o que isso significa


o seu coração nunca deixou de me pertencer

mesmo que eu tenha afundado o meu corpo

no lamaçal mais profundo da vida

eu ainda detenho esse poder

de te ter