Lápide


A armadilha do mundo é minha ficção e meu desejo é um delírio compulsivo.

O alimento da minha alma está pronto, eu não. Preciso retomar meu gosto, já que o amanhã não existe. Despi minha armadura e me entreguei ao matadouro, sou a melhor carne. Tenho a melhor face e o pior sentimento. Jogo fora a vontade, vou me vender. O melhor preço, fingimento: sorrio para o abate. Ganho o mundo com falas que não me pertencem. Não vivo o gozo e dispenso a alegria de momentos, quero a eternidade. Quero o mundo em minhas palavras, torná-las dele e deixá-las correr livremente... Grandiosamente. Então me sacrifico.

Pequenas grandes faltas


Eu sinto saudade de coisas que nem existiram, de coisas que podem nem existir. Tenho uma penosa preocupação com minha lucidez, muito embora minha loucura seja prevalente. Não sei que parte de mim está mais completa. Às vezes penso que sou feliz e sorrio em demasia, outras vezes me encontro perdido de mim mesmo e me afundo em tristeza e solidão. Quem eu sou então? Eu sinto falta das pequenas coisas que formavam o meu antigo dia; e que não me tomavam a noite. E não me deixavam leve, cansado, sem tempo (ou tempo demais), sem vida... Estou confuso sobre o que busco, mas nesse momento não importa: sinto falta de não me buscar.