Canção da partida.


E eu já começo a preparar a minha mente. Preparo-a bem, pois sei que o sofrimento virá me atormentar. Quão melhor seria se não sentíssemos nada, se não houvesse o amor e a dor da saudade, que já desponta em meu peito. Quão melhor seria se pudéssemos levar em nossa bagagem todos aqueles que amamos, se pudéssemos tê-los por perto para sempre.  A vida é tão injusta. É na simplicidade que mora a devoção. Não há nada melhor que chegar em casa e encontrar um café quente, uma televisão ligada e uma mãe pronta para lhe oferecer o colo. Tudo isso passa tão rápido. Nossa vida passa depressa, que apenas o relógio não tem como responder. Tudo vai indo tão rapidamente... E a vontade de crescer nos faz partir. A vontade de multiplicar nos faz subtrair. E só quando é chegada a hora de partir, só aí, nos damos conta do amor e das verdades que estamos abandonando. Mas vamos crescer. A dor da partida pode existir e, ainda assim, a verdade que nos faz continuar deve resistir. Com os olhos cheios d’água, com o coração a palpitar fortemente, com a alma chorando, o adeus tem que acontecer. E que viva, ou que morra. A vitória só acontece para aqueles que tem coragem de lutar. Pegue as suas espadas, está na hora de começar a guerrear.

[+] Conto: Mente desoladora.

Eu teria milhões de frases prontas para uma ocasião como esta, mas naquele momento, não tinha nada. Busquei e rebusquei em todo o meu acervo patético de cantadas prontas algo para conquistar a garota, mas vi que nada conspirava a meu favor. Quis dizer quase nada. Sim, quase nada, pois eu ainda tinha uma mente brilhantemente geniosa e que jamais falhou, pronta para uso. Então forcei minha mente a pensar. “Cinco pães, dois litros de leite, cheddar”, não, essa era a compra da semana que eu tinha decorado. Pense de novo, ordenei. “Meu bem você me dá água na boca”, caraca, essa não é a música ideal para cantar uma menina, a não ser que ela seja ruiva, branquela e magrela (qualquer semelhança com a Rita Lee é pura hipocrisia). Mente insolente, vamos, me dê algo proveitoso. “Sorria meu bem, sorria”, que música brega cérebro ridículo. Sorri. Ela sorriu de volta. Ela sorriu pra mim! CARACA! Eu poderia ter em minhas mãos todo dinheiro do mundo, toda comida do mundo, todos os empregos do mundo (isso não é tão atraente) e largaria tudo para ter aquele sorriso de novo. Fantástico! Mas eu não sabia o que fazer. Obriguei que minha mente me ajudasse. “Vai! Tente outra vez!”, sendo conselhos do Raul, fui instantaneamente condicionado a obediência. Sorri novamente. Ela sorriu também. E agora estávamos parecendo dois palhaços. E eu quis que minha mente me dissesse novamente o que fazer, mas no fundo eu sei que para os melhores sentimentos, as palavras não têm poder de explicação. E a beijei...

E tenho dito...

Há muita gente fútil por aí que não vive; não treme com o frio, não chora de emoção, não explode de estresse, não sua com o calor em demasia. Enfim, (e novamente) há gente que não vive. O que importa mesmo não é aquilo que deixamos transparecer e sim o que ocultamos por medo de julgamentos posteriores. Seja você, antes de optar pela aceitação alheia. A fé não é regida pela sanidade, enfrente os devaneios e siga em frente. E tenho dito...