E eu vi um garoto pequeno, e cada palavra dita de sua boca soava como fogo ardente na pele dos descrentes. E sua retórica era forte, mas não era maldosa. Seus ditos pairavam no ar como realidade, enquanto tudo mais se convertia diante de si. Ninguém chorava e ninguém se movia, ninguém conseguia falar. A única percepção que conseguiam alcançar era a da audição. Ouviam com cautela e admiração tudo que era dito pelo pequeno menino. Esse, com o peito estufado, dominava as palavras com amor. Falava com autoridade e não tinha medo do que os humanos lhe fariam por ter dito denúncias, pois estava em nome do maior. A multidão ia crescendo ao redor do menino, todos com suas imprestáveis tecnologias e artefatos mundanos. Somente os ouvidos conseguiam captar aquele momento. O garoto falava e esbravejava verdades aos sete ventos, de maneira que nada e ninguém podiam lhe impedir, pois a força do Altíssimo o cobria de proteção. E suas manifestações eram aclamadas e aplaudidas de pé, fazendo com que meros seres humanos mortais voltassem seu olhar para a verdade eterna. E que fizessem parte dela. De repente, quando já havia terminado de juntar a sua multidão, o menino parou de falar. O vento fez isso por ele. Surgiu uma forte ventania e tudo que não esteve dentro das palavras do menino começou a ser levado. Celulares, câmeras fotográficas, sapatos de luxo, roupa, pele, carne, cabelo. Tudo se foi com o vento, mas continuavam reunidos os corações daquele pobre povo sofredor. Não havia mais riqueza, ouro ou beleza carnal. Tudo que restara daquela multidão medíocre estava ali: o sentimento. Já não havia nada que não fosse espírito, que não fosse verdade e que não atendesse às palavras do pequeno pastor. A simplicidade é a verdadeira dona da alegria. O rebanho estava contente agora.
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Mais um texto ótimo! :)
ResponderExcluirEi, tem um desafio para você lá no meu blog, ok?
Eu ameei esse!
ResponderExcluirficou perfeito [ palavras de elogio fugiram]
mas, tá muito bom, parabéns ;D
Muito bom!
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